Muita fissura e pouco voo.

Foto: Yara de Queiroz
Em um ano em que as condições de voo no estado de Santa Catarina não tem sido das melhores, muita gente fissurada sonha com um bom voo. Eu sou um desses caras, quase não voei nesse início de 2009, por outro lado, parece que não perdi muita coisa, o que é fácil notar pelos voos lançados por pilotos de asa e parapente no Flexicotton, o campeonato catarinense de cross country. Sem possibilidade de ir a Timbé do Sul participar do 16º Festival Sul Brasileiro de Voo Livre, formei a parceria com o Zé Maria e apostamos no Escalvado como uma boa opção. O dia, analisado por fissurados, até parecia prometer, mas não foi o que aconteceu. O vento forte que nos dava sustentação para belos passeios sobre a cordilheira também era responsável por térmicas muito quebradas e difíceis de arredondar. Durante cerca de meia hora a história se repetiu. Rampa ganha na pressão do lift, uma investida no buraco para tentar arredondar uma térmica, sempre fraca e falhada, e retorno na deriva até a cordilheira, sem altura suficiente para a primeira tirada. No momento em que fiquei próximo aos 600 metros decidi não mais voltar e tirei em direção à BR 470, até que a asa rendeu bem e num dia sem muitas possibilidades acabei engatando em outra térmica no meio do caminho. Nessa hora o Zé Maria estava tirando do chão sobre o pouso oficial, mas sem térmicas no caminho acabou pousando na fazenda Transbrasiliana junto à 470. Dessa vez cheguei aos 700 metros, com a base da nuvem um pouco acima, teto realmente baixo. Com essa altura e a condição ao redor não sobrou muita alternativa, joguei ao sul da estrada numa região de vários morrotes, mas não encontrei o gatilho que desejava, era hora de voltar para próximo da estrada, facilitar o resgate e garantir um pouso seguro e sequinho. Finalizamos com um belo sanduiche especial no Refúgio do Colono, regado a suco de milho e caldo de cana. Dali o Zé Maria seguiu viagem para Jaraguá do Sul para tentar uma melhor condição no dia seguinte. No domingo retornei ao Escalvado, ninguém na rampa, apenas eu e o Fábio, meu resgate, ali sim foi fissura pura, pois a massa de cirrus avançava rápido vinda do interior. Asa montada, corridão forte na rampa sem vento e um prego rápido e rasteiro, daqueles que a gente pensa # nossa, já acabou!? Victor, Dingo e João voaram sábado no Morro Azul, em Pomerode, mas pelo relato a coisa foi mais ou menos parecida.

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