Voo livre ameaçado pela Praça da Soberania.

Quanto mais as cidades se "desenvolvem", mais espaço perdem os esportes ligados à natureza. Áreas de pouso ficam cada vez mais raras à medida que o progresso avança. Os morros são cortados por emaranhados de fios de eletricidade. As corredeiras que antes faziam a alegria dos praticantes de rafiting, agora são águas calmas pois os rios são desvidados para a construção das hidrelétricas. Essa é uma realidade que assola a maioria das localidades brasileiras. Ao que parece, a Capital Federal não ficará imune. Sonho de 10 entre 10 voadores, o pouso na Esplanada dos Ministérios pode estar com os dias contados. Duas recentes notícias envolvendo o tema nos fazem pensar no futuro do voo livre em Brasília. A primeira delas diz respeito à construção do segundo aeroporto da cidade, com edificação projetada entre a DF-250 e a BR-020, eixo de ligação do Plano Piloto à cidade de Formosa, precisamente em Planaltina. Para aqueles que inúmeras vezes sobrevoaram a região em busca de mais uma termalzinha para garantir o gol no gramadinho da Esplanada essa notícia é de arrepiar. O assunto já recebeu ampla divulgação na mídia. Imagine o estrago que um aeroporto de grande porte pode causar ao voo livre quando instalado na rota de um dos voos mais desejados. Não bastasse isso, aos 101 anos o arquiteto Oscar Niemeyer acaba de apresentar o projeto da Praça da Soberania, (foto acima) a ser instalada no gramadinho mais almejado pelos praticantes do voo livre. Com previsão de entrega ainda para o ano de 2010, a praça e seus monumentos passam a ocupar totalmente "nossa" área de pouso. Será que outras opões surgirão?! Em 2003, quando Brasília sediou o mundial de asa delta, e o céu da Capital ganhou um colorido todo especial, de asas dos mais distantes países, o próprio arquiteto Oscar Niemeyer foi autor da logomarca oficial do evento, e o voo livre sentiu-se enaltecido. Agora novos traços podem por fim a toda essa magia. Nas palavras do centenário arquiteto: "Toda capital tem que ter uma praça aonde o povo chega e se espanta. Será um grande monumento em triângulo para mostrar o progresso de nosso país. É para causar perplexidade em quem vê". (Oscar Niemeyer)